para além da sua própria eleição, o Obamacare, uma resposta diferente à crise financeira, a morte de Bin Laden, o casamento entre pessoas do mesmo sexo e, acima de tudo, pôs uma rapariga texana, de muitos talentos, a cantar assim, num "crazy day (legally)".
segunda-feira, 29 de junho de 2015
quarta-feira, 24 de junho de 2015
Que fazer?
Estranha-se esta sensação de estar em celebração
interior e ser atacado pela perda de peças que foram “chave” no
bicampeonato e, pior, perceber que tenho de me preparar para mais
baixas. Por mais apelos à razão, não é fácil. Podem dizer-me que no
futebol moderno a fidelidade clubística é território exclusivo dos
adeptos. Sei de tudo isso, mas custa saber que o jogador que vi fazer
juras de amor eterno à camisola do Glorioso será o primeiro a trocar
essa paixão por um compreensível conforto material.
Não
se trata apenas do desejo sempre adiado de um defeso tranquilo, sem
vendas, trocas ou empréstimos. É mais do que isso. É também a
necessidade de resistir a uma captura do futebol pelas forças da razão.
Chegará
um novo ponta-de-lança entusiasmante para substituir o ídolo de hoje e a
admiração pelo centro campista de toque subtil que nos abandonou
revelar-se-á efémera assim que o jovem talento tiver espaço para se
afirmar. Pouco importa: se deixarmos que se transforme num território
onde a irracionalidade e as paixões absolutas perdem todo o espaço para a
gestão rigorosa e a sustentabilidade financeira, para que é que servirá
exatamente o futebol?
Que
fazer, então? Encontrar um equilíbrio entre racionalidade e paixão na
forma como se gere um clube, até porque no Benfica os principais
dividendos a distribuir são as vitórias.
Basta
ver o futebol poético do Bernardo no Europeu sub-21 para se ter a
certeza que nenhuma análise custo-benefício é capaz de calcular o valor
patrimonial da paixão benfiquista daquele miúdo. Nunca, em circunstância
alguma, podia ter sido vendido.
Já Maxi,
depois de todas as exigências e das ameaças de sair para um rival,
delapidou o capital que tinha e perdeu a mística de outros tempos. Faço
minhas as palavras do grande Toni: “Por mim, já tinha marchado”.
publicado no Record de terça-feira.
quarta-feira, 17 de junho de 2015
O anti-Jesus?
O maior erro que Rui Vitória podia cometer na sua
afirmação como treinador do Benfica seria surgir como o anti-Jesus,
alguém que se pretendia afirmar renegando o modelo que foi consolidado
nos últimos anos. Por muito que um treinador tenha uma ideia de jogo que
deseja imprimir, esta não se pode traduzir numa rutura radical.
Principalmente quando pega numa equipa que vem de campanhas vitoriosas.
Num
dos poucos momentos em que foi convidado a falar sobre futebol ontem,
Rui Vitória disse isso mesmo. Entre perguntas sobre contratações,
confiança, renovações e aposta em jovens, o novo treinador do Benfica lá
conseguiu dizer alguma coisa sobre o que pretende fazer
futebolisticamente. Na entrevista à Benfica TV sublinhou que não ia
"cortar com o passado", nem "estragar nada", mas acrescentou uma ideia
diferenciadora: "vamos trabalhar para ter solução para as diversas
competições" e desenvolver "alternativas táticas", que tornem o Benfica
"mais versátil".
Para
bom entendedor, estas palavras bastam. Jorge Jesus tem muitas
qualidades como treinador, mas o Benfica dos últimos anos tinha também
uma debilidade, arriscaria dizer, estrutural. Era uma equipa com um
sistema de jogo quase único, com pouca versatilidade tática: ou
apresentava um carrossel atacante estonteante ou sofria a bom sofrer
para controlar as partidas. Não por acaso, contra equipas do seu nível, o
Benfica ficou aquém das suas possibilidades (na Champions, mas, também,
nos jogos com os principais rivais).
Se
Vitória conseguir manter-se fiel a um modelo de jogo de clube grande,
atacante e de posse, mas for capaz de acrescentar uma versatilidade
tática que Jesus, de facto, nunca imprimiu, concretizará o que prometeu.
Continuará o trabalho feito até aqui, mas juntará uma dimensão que
faltou nos últimos anos. Versatilidade é a palavra-chave para continuar o
percurso ganhador já iniciado.
publicado no Record de terça-feira
quarta-feira, 10 de junho de 2015
Virar a página?
Jesus é um óptimo treinador e foi um funcionário que
prestou grandes serviços ao Benfica. Com ele, o Glorioso voltou a ser
um clube ganhador com uma ideia de jogo coerente com os desafios do
campeonato. Na minha visão do Benfica, no momento em que Jesus terminou o
seu vínculo, seria esta a mensagem que deveria ter sido repetida.
Independentemente do clube pelo qual assinou.
E aqui começam os equívocos da situação em que o Benfica se encontra.
Se
a direção pensava que era altura de virar a página e traçar um novo
rumo, devia ter tomado as decisões planeadas e contratar Rui Vitória.
Ora parece que o que está a influenciar a escolha do treinador não é uma
indefinição estratégica, mas o facto de Jesus ter saído para o
Sporting. Um clube como o Benfica não se deixa condicionar pelas opções
dos outros clubes. É um erro que, aliás, nos pode fazer recuar a um
período em que estávamos mais preocupados com o que os nossos rivais
faziam do que em organizar autonomamente uma estrutura vencedora.
Depois
a sempiterna aposta na formação. Há, a este propósito, um outro
equívoco. Nos últimos anos, o Benfica formou uma mão-cheia de jogadores
(David Luiz, Di María, Matic, Markovic, André Gomes) que chegaram com
pouco cartel e saíram valorizados. Será que, com a exceção de Bernardo
Silva, houve algum jovem talento subaproveitado?
A
questão não é saber se se vai apostar na formação, mas, sim, que ideia
de jogo um novo treinador pode trazer. Virar de página implica
continuarmos a ser capazes de exibir o carrossel atacante nos jogos em
casa e, ao mesmo tempo, termos um sistema alternativo que permita
controlar um jogo em posse organizada (a principal insuficiência de
Jesus).
Contratar um novo treinador devia
depender mais de uma opção em torno do modelo de jogo desejável e menos
do que fazem os nossos rivais ou do papel que os jovens talentos devem
ter.
publicado no Record de terça-feira.
quarta-feira, 3 de junho de 2015
Maxi, renova
Tem sido sublinhado que o sucesso
do Benfica se deve à combinação da liderança de Luís Filipe Vieira com a
competência de Jorge Jesus. A afirmação é verdadeira, mas esquece o
papel crucial dos capitães de equipa. Sem o Luisão e o Maxi, o Benfica
não seria o clube vencedor que é de novo.
O
Luisão e o Maxi são grandes jogadores, mas o que os distingue não é a
mais-valia técnica. A importância dos capitães mede-se pela capacidade
de liderança, dentro e fora do campo, e por um passado de vitórias e de
derrotas que lhes confere uma experiência acumulada que se faz sentir
nos momentos decisivos. Não por acaso, o Benfica voltou a ganhar quando
passou a ter referências no balneário, que se foram mantendo de ano para
ano, enquanto o Porto perdeu esses mesmos exemplos.
Verdade
seja dita, se fosse feita uma avaliação puramente individual, não faria
muito sentido manter Luisão e Maxi no plantel. São jogadores acima dos
30, com salários elevados e que terão prestações piores nos próximos
anos. Mais, jogando ambos do lado direito da defesa, a sua coexistência
pode antecipar problemas. Afinal, nenhum será capaz de compensar a perda
de velocidade do outro.
Acontece que o
futebol é um jogo de equipa, onde talento e disponibilidade física
individuais são apenas uma das várias variáveis relevantes. O que o
Luisão e o Maxi não têm hoje compensam com atributos de valor
incalculável.
Num
momento em que o Benfica vai apostar na formação, a renovação de Maxi é
ainda mais imperiosa. O sucesso do Gonçalo Guedes, do Renato Sanches,
do Nuno Santos ou do Jonathan vai depender de terem quem compense a sua
inexperiência e impetuosidade juvenil. Ora, no futuro próximo, o Maxi
pode ser um digno sucessor do Luisão. E, como sabemos da experiência com
o Luisão, considerando o que nosso capitão oferece ao Benfica, dentro e
fora de campo, o seu salário até é baixo.
publicado no Record de terça-feira
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