Jesus é um óptimo treinador e foi um funcionário que
prestou grandes serviços ao Benfica. Com ele, o Glorioso voltou a ser
um clube ganhador com uma ideia de jogo coerente com os desafios do
campeonato. Na minha visão do Benfica, no momento em que Jesus terminou o
seu vínculo, seria esta a mensagem que deveria ter sido repetida.
Independentemente do clube pelo qual assinou.
E aqui começam os equívocos da situação em que o Benfica se encontra.
Se
a direção pensava que era altura de virar a página e traçar um novo
rumo, devia ter tomado as decisões planeadas e contratar Rui Vitória.
Ora parece que o que está a influenciar a escolha do treinador não é uma
indefinição estratégica, mas o facto de Jesus ter saído para o
Sporting. Um clube como o Benfica não se deixa condicionar pelas opções
dos outros clubes. É um erro que, aliás, nos pode fazer recuar a um
período em que estávamos mais preocupados com o que os nossos rivais
faziam do que em organizar autonomamente uma estrutura vencedora.
Depois
a sempiterna aposta na formação. Há, a este propósito, um outro
equívoco. Nos últimos anos, o Benfica formou uma mão-cheia de jogadores
(David Luiz, Di María, Matic, Markovic, André Gomes) que chegaram com
pouco cartel e saíram valorizados. Será que, com a exceção de Bernardo
Silva, houve algum jovem talento subaproveitado?
A
questão não é saber se se vai apostar na formação, mas, sim, que ideia
de jogo um novo treinador pode trazer. Virar de página implica
continuarmos a ser capazes de exibir o carrossel atacante nos jogos em
casa e, ao mesmo tempo, termos um sistema alternativo que permita
controlar um jogo em posse organizada (a principal insuficiência de
Jesus).
Contratar um novo treinador devia
depender mais de uma opção em torno do modelo de jogo desejável e menos
do que fazem os nossos rivais ou do papel que os jovens talentos devem
ter.
publicado no Record de terça-feira.