Tem sido sublinhado que o sucesso
do Benfica se deve à combinação da liderança de Luís Filipe Vieira com a
competência de Jorge Jesus. A afirmação é verdadeira, mas esquece o
papel crucial dos capitães de equipa. Sem o Luisão e o Maxi, o Benfica
não seria o clube vencedor que é de novo.
O
Luisão e o Maxi são grandes jogadores, mas o que os distingue não é a
mais-valia técnica. A importância dos capitães mede-se pela capacidade
de liderança, dentro e fora do campo, e por um passado de vitórias e de
derrotas que lhes confere uma experiência acumulada que se faz sentir
nos momentos decisivos. Não por acaso, o Benfica voltou a ganhar quando
passou a ter referências no balneário, que se foram mantendo de ano para
ano, enquanto o Porto perdeu esses mesmos exemplos.
Verdade
seja dita, se fosse feita uma avaliação puramente individual, não faria
muito sentido manter Luisão e Maxi no plantel. São jogadores acima dos
30, com salários elevados e que terão prestações piores nos próximos
anos. Mais, jogando ambos do lado direito da defesa, a sua coexistência
pode antecipar problemas. Afinal, nenhum será capaz de compensar a perda
de velocidade do outro.
Acontece que o
futebol é um jogo de equipa, onde talento e disponibilidade física
individuais são apenas uma das várias variáveis relevantes. O que o
Luisão e o Maxi não têm hoje compensam com atributos de valor
incalculável.
Num
momento em que o Benfica vai apostar na formação, a renovação de Maxi é
ainda mais imperiosa. O sucesso do Gonçalo Guedes, do Renato Sanches,
do Nuno Santos ou do Jonathan vai depender de terem quem compense a sua
inexperiência e impetuosidade juvenil. Ora, no futuro próximo, o Maxi
pode ser um digno sucessor do Luisão. E, como sabemos da experiência com
o Luisão, considerando o que nosso capitão oferece ao Benfica, dentro e
fora de campo, o seu salário até é baixo.
publicado no Record de terça-feira