"Quando a esmola é grande, o pobre desconfia",
costuma dizer-se e é bem capaz de ser verdade. Aqui a "esmola" são as
notícias de propostas tentadoras por jogadores do Benfica, prontamente
rejeitadas, e o "pobre" é o plantel do Glorioso que precisava de ter
sido reforçado e não foi.
Logo após o fecho
do mercado foi noticiada uma proposta de 10 milhões do Chelsea por
Luisão, outra de 16 milhões do Nápoles por Cristante, ainda uma de 20
milhões de origem desconhecida por Gonçalo Guedes e foi ainda aventado
que o Liverpool teria oferecido 25 milhões por Gaitán. O mercado fechou,
o Benfica não se cansou de recusar propostas (claro está, devidamente
almofadado pelos vários jogadores da equipa B vendidos pelo número
redondo de 15 milhões) e, no fim, ficou com um plantel paradoxalmente
grande e desequilibrado.
Com
quase 30 jogadores, o Benfica consegue a proeza de ter, pelo menos,
três jogadores (Talisca, Djuricic e Taarabt) para a posição 10, que
raramente utilizará, enquanto a posição 8, fulcral no 4x4x2, depende
apenas de uma solução de recurso (Pizzi), que continua a gerar
ceticismo.
É por isso que, ao longo desta
época, continuarão a ecoar as palavras de Luís Filipe Vieira na
apresentação de Rui Vitória: "há uma garantia que quero deixar – vais
ter as mesmas condições que outros tiveram". Rui Vitória pode ser capaz
de dar a volta ao texto e formar titulares num ápice a partir de
jogadores da formação, mas não parte com as mesmas condições de Jorge
Jesus. Já Vieira "gostava de ter dado mais um ou dois jogadores" ao
treinador, a verdade é que não deu.
publicado no Record de terça-feira