Ninguém antecipou melhor o benefício da pausa para
as seleções do que Jardel quando disse que tinha sido "importantíssima
para apertar os parafusos". Como se viu na exibição magistral contra o
Belenenses, a questão não era apenas apertar os parafusos e recuperar
algum tempo perdido na pré-temporada, a solução passava também por
estabilizar os parafusos, isto é, a base da equipa titular.
Com
Jardel, o Benfica ganha capacidade na organização defensiva, enquanto o
brasileiro compensa as quebras de velocidade dos seus parceiros
defensivos; Talisca, mesmo que a posição 8 não seja o seu lugar natural,
acrescenta verticalidade ao jogo e, de todas as jovens soluções
testadas à direita, Gonçalo Guedes é aquele que já passou a fase de
projeto de jogador e se aproxima mais de um jogador de corpo inteiro.
Já
os apertos tiveram outro efeito. Ao contrário dos jogos anteriores,
desta feita viu-se uma ideia de jogo clara, com muita circulação de
bola, uma equipa mais de posse do que no passado e um jogo interior
muito dinâmico. Acima de tudo, o Benfica revelou uma agressividade
defensiva que não se havia visto até agora. Mesmo a vencer desde os
primeiros minutos, a equipa cometeu 23 faltas, das quais 16 na primeira
parte, enquanto o Belenenses, derrotado copiosamente, cometeu apenas 18.
Uma equipa cujo jogo assenta em trocas de bola constantes tem de ser
também agressiva na recuperação. Só isso permite que os solistas exibam
toda a sua genialidade: o que, aliás, explica as exibições superlativas
de Gaitán e Jonas.
publicado no Record de terça-feira