Não vale a pena tratar o assunto com paninhos
quentes. Contra o Sporting, o Benfica não jogou mal, foi, sim,
inexistente e o desfecho corresponde ao que se passou em campo. Nestes
momentos, é tentador explicar o resultado com base em erros individuais,
azar ou incompetência da arbitragem.
São
tudo justificações marginais. Há razões estruturais que ajudam a
compreender a derrota de domingo, assim como as várias derrotas sofridas
esta época pelo Benfica em jogos oficiais (5 em 12 partidas!).
A
formação do plantel continua a gerar perplexidades. É verdade que, ao
contrário do que aconteceu no consulado de Jesus, desta feita Vieira
desinvestiu. Ainda assim, é incompreensível que uma equipa com um
sistema tático assente em dois centro-campistas tenha um plantel de 30
elementos, acumule jogadores para uma posição inexistente – número 10
(Talisca, Djuricic e Taarabt) – e, ao mesmo tempo, não disponha de um 8
de qualidade. Talvez a aposta em Renato Sanches, à falta de alternativa,
seja a solução para esta lacuna.
Os
desequilíbrios do plantel são, contudo, reforçados por uma persistente
falta de identidade da equipa, quer a defender quer a atacar. Novamente,
o problema não começou neste jogo. Anulados Gaitán e Jonas, o Benfica
arrasta-se em campo, perdido de ideias, e depende da capacidade de os
seus melhores dois jogadores esticarem o jogo, isolados. Com um plantel
desequilibrado e uma equipa pouco personalizada, torna-se mais fácil
ter azar e perder jogos. É que, ao contrário do que é repetido, o
futebol não se decide nos pequenos pormenores, muitos deles fortuitos.
publicado no Record de ontem