"I hope the fences we mended
Fall down beneath their own weight"

John Darnielle

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quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Um lateral-esquerdo

 
Talvez seja a posição onde a oferta de jogadores de qualidade é mais escassa. Falo de laterais-esquerdos: rareiam os jogadores que juntem competências defensivas com capacidade de oferecer profundidade ao jogo atacante e que combinem esses atributos com as características morfológicas exigidas, hoje, a um defesa (nomeadamente a altura) e, claro está, que sejam canhotos. É isso que explica que o valor de mercado dos laterais-esquerdos seja comparativamente elevado.

Não por acaso, muitos dos grandes laterais-esquerdos são jogadores adaptados: alguns nem sequer são canhotos e muitos fizeram a formação noutras posições. O Benfica tem sido particularmente afetado por esta crise crónica de laterais-esquerdos. Tirando o já distante Léo, as duas épocas com Coentrão e a passagem efémera de Siqueira, a posição de lateral-esquerdo tem sido o ponto fraco do Benfica.


Lembrei-me disto poque, contra o Vianense, causou alguma surpresa que, a certa altura, Rui Vitória tivesse recuado o extremo-esquerdo Nuno Santos para a posição de lateral-esquerdo. À primeira vista, a equipa não ganhou nada com a alteração. Talvez não seja assim.

Nuno Santos é um jogador com um talento notável, de drible simples e com uma velocidade única que lhe permite verticalizar o jogo com muita facilidade. Não engana: vai dar craque. Fez, é certo, toda a sua formação como atacante. Mas a ideia de Nuno Santos como lateral-esquerdo pode bem ter pernas (e altura) para andar. Tem muitíssimo para aprender em termos de posicionamento defensivo, mas o seu futebol de profundidade e velocidade só pode ganhar se partir de posições mais recuadas.

publicado no Record de terça-feira