Estive entre os milhares de
benfiquistas que celebraram a vitória do Glorioso no Vicente Calderón.
Sei bem que aquela alegria imensa só foi interrompida pelo ato bárbaro
de meia dúzia de delinquentes que lançaram tochas em direcção aos
adeptos do Atlético Madrid. Foi por isso, com satisfação que assisti à
reacção imediata da direcção do Benfica, pedindo desculpas e repudiando o
comportamento 'vergonhoso' de alguns adeptos.
O futebol assenta numa cultura adversativa e por vezes parece a
continuação da guerra por outros meios. Mas a chave é mesmo os 'outros
meios'. É possível conciliar celebração pelo clube que seguimos e
aversão aos rivais, sem que isso se traduza numa violência intolerável.
Há, a este propósito, um muro que precisa de ser erguido e defendido
entre quem faz do futebol uma paixão animada a rivalidades e aqueles que
aproveitam para transformar os estádios em espaços de delinquência.
Deixem-me recuar ainda uma semana ao lastimável programa da TVI24, em
que participou o presidente do Sporting, Bruno de Carvalho. É triste que
um presidente de um clube se preste a um papel daqueles. Degrada a
imagem da instituição que dirige. Contudo, como não sou sportinguista,
deixo essa questão para os adeptos do clube de Alvalade.
Mas, como benfiquista, posso assegurar-vos que a maioria dos adeptos do
Glorioso não se revê no estilo truculento e de insulto permanente de
Pedro Guerra. O que me leva a questionar: pode um clube repudiar a acção
de adeptos que lançam tochas nos estádios e tolerar quem 'lança tochas'
em permanência na comunicação social, ajudando a incendiar o clima nos
estádios de futebol?
publicado no Record de terça-feira.