É
preciso recuar bastantes anos para nos recordarmos de um ambiente tão tenso num
jogo do Benfica no Estádio da Luz, como o deste fim-de-semana com o Rio Ave.
Coro de assobios, faixas a exigirem mais da equipa e claques a pedirem aos
jogadores para honrarem as camisolas. No fim, com um resultado positivo e com
mais uma partida decidida num ímpeto atacante final, o ambiente lá se recompôs.
Não quer dizer que os problemas de fundo estejam resolvidos.
Desde
logo, o apelo para que os jogadores honrassem a camisola. Trata-se de um
equívoco: o problema do Benfica não tem sido de profissionalismo – no domingo,
não vislumbrei nem apatia, nem falta de empenho. O que se viu, uma vez mais,
foi uma equipa que joga aos repelões e que depende da qualidade individual para
resolver o que o conjunto não é capaz de solucionar. Uma vezes é Gaitán, outras
é Jonas que vão ultrapassando os bloqueios coletivos. Sem uma ideia de jogo,
sem organização torna-se bem mais difícil, para recuperar uma metáfora do
passado, ao “Manel” brilhar, integrar-se no conjunto e disfarçar as debilidades
individuais. A consequência é clara: a jogar assim, os melhores pioram e os
menos bons nunca melhorarão.
Ora,
com muitos “Manéis”, um par de jovens muito talentosos, dois ou três craques e
uma equipa num limbo tático (ainda não abandonou o sistema de Jesus e não
abraçou o de Vitória), o Benfica está condenado a sofrer em campo. Até ver,
estamos em dezembro e os resultados têm sido bem melhores do que as exibições. O
menor dos problemas é o empenho dos jogadores.