Experimentem
escolher os 50 jogos mais marcantes da história do vosso clube e enfrentarão
uma tarefa hercúlea. Primeiro há que definir critérios, logo depois serão
atraiçoados pela memória – o que vos condenará a selecionar os jogos que
vivenciaram ou aqueles de que existe registo vídeo. O melhor mesmo é abandonar
a tarefa.
Pois o
João Tomaz e o Fernando Arrobas arriscaram escrever sobre os 50 jogos mais
marcantes da história do Benfica e publicaram, por estes dias, “Assim se fez Glorioso”. Uma visão criteriosa, naturalmente subjetiva, das 50 partidas mais
marcantes do Benfica. O difícil, como bem sublinham, numa história tão longa
não foi escolher, mas excluir. Os critérios foram ambiciosos: num clube com a
grandeza do Benfica, só podiam constar jogos que fizessem parte de caminhadas
vitoriosas. Ou seja, vitórias em competições nacionais que não se traduziram em
conquistas de títulos no final do percurso ficaram de fora.
Resta-nos
escolher os jogos mais marcantes da nossa história como adeptos. Pois eu que
assisti a muitos dos encontros referidos e emociono-me com os relatos de outros
que não vivenciei, percorridas as 50 partidas mais marcantes, inclino-me para
uma distante, disputada em Fevereiro de 1907, na qual uma equipa só de
portugueses, de extração popular, colocava fim à invencibilidade dos ingleses
do Carcavellos, que durava há nove anos. A razão é simples: a médio direito
jogou o meu tio-avô, Marcial de Freitas e Costa, que infelizmente não conheci. Tendo crescido numa família
em que o futebol é tema estranho e desinteressante, talvez tenha sido essa inscrição
genética que me fez benfiquista fervoroso.
publicado no Record de terça-feira