O Benfica entrou em Braga a jogar sobre brasas. O jogo foi lançado como
sendo decisivo para a equipa (que perdendo ficaria, alegadamente,
afastada da corrida ao título) e, ainda mais, para o treinador (uma nova
derrota seria, era sugerido, o fim da linha para Rui Vitória). Não me
parece que nenhuma das conjeturas fosse válida. Em todo o caso, o
Benfica jogou contra fantasmas pré-anunciados e, mesmo continuando a
revelar fragilidades, ganhou com justiça. E venceu num terreno onde o
Benfica dos últimos anos teve sempre bastantes dificuldades.
Em
Braga, apresentou-se uma equipa mais próxima da ideia de jogo de Rui
Vitória. Em lugar da indefinição tática que tem assolado o Benfica,
desta feita a opção foi por um sistema que permitiu ter superioridade
numérica constante no centro do terreno e que procurou anular o jogo
interior do Braga.
Mas não tenhamos ilusões: o resultado foi
melhor do que a exibição e a pressão alta - muito por força da altíssima
rotatividade de Renato Sanches - serviu para ocultar os crónicos
problemas de posicionamento defensivo da equipa. Quando o Benfica teve
energia para forçar perdas de bolas do Braga, o jogo correu de feição. O
pior foi quando a equipa se encolheu, entregou a iniciativa ao Braga e
expôs as suas debilidades.
Para memória futura ficará, contudo, a
confirmação de que Renato Sanches pode bem ser o elo de ligação que
faltava no meio-campo do Benfica. Resta agora consolidar uma identidade
tática que ajude a afirmação plena dos jovens talentos. O que tem
faltado desde agosto.
publicado no Record de terça-feira