Na semana
passada, escrevi que, perante propostas como as que têm sido aventadas, o
Benfica não deveria tentar segurar jogadores a todo o custo. Seria um erro. O
futebol português não tem condições para cobrir ofertas em redor dos 30 milhões
e mesmo que estas fossem recusadas, haveria que compensar salarialmente os
atletas, pervertendo a coerência que deve existir na folha salarial de um
clube.
A questão que se coloca hoje a um
clube como o Benfica não é tanto segurar os seus ativos, mas saber geri-los de
forma a poder continuar a formar equipas vitoriosas.
A diferença do Benfica de hoje face
a um passado mitificado não é a entrada e saída de jogadores em catadupa, com
pouco amor à camisola. É que, ao contrário do que acontecia, os jogadores do
Benfica passaram a ter mercado, quando há uma década ninguém lhes pegava. Esta
mudança tem, aliás, um efeito muito positivo: o Benfica passou a ser atrativo
para jovens talentos, de outras paragens, que sabem que aqui se podem valorizar.
Agora, como sempre acontece, a chave
para o sucesso está no equilíbrio. O Benfica precisa de encontrar jovens
talentos (um substituto para Gaitán, da mesma forma que Gaitán substituiu o,
então, insubstituível Di Maria), mas tem também de preservar a espinha dorsal
da equipa, de modo a que quem chega encontre elementos de continuidade. Daí que
a manutenção no eixo central de Júlio César, Jardel, Fejsa e Jonas deva ser
prioridade. Com eles em campo e no balneário, o 36 tornar-se-á mais fácil,
mesmo que saiam muitos jogadores e entrem outros tantos.
publicado no Record de terça-feira