quarta-feira, 8 de junho de 2016
Um 8 para o 36
Se o Benfica quiser garantir o 36 na próxima época, a prioridade passa por não repetir erros da temporada passada. Parece paradoxal, tendo em conta que o Glorioso acabou por ser campeão, contra as expectativas iniciais. Mas, a frio, talvez valha a pena reconhecer que, de facto, o Benfica venceu, apesar de um planeamento atribulado.
É, hoje, claro que a digressão norte-americana, se colocou o Benfica na rota de muitos colossos do futebol mundial, foi uma má experiência e impediu a sedimentação de novos processos. O problema, aliás, não foi apenas do Benfica – as equipas que andaram embarcadas em viagens comerciais à volta do mundo deram-se mal no início da época.
O principal erro foi mesmo a formação do plantel. Depois de uma segunda metade de 14/15 em que era evidente a necessidade de encontrar um substituto de Enzo para a posição 8, o Benfica entreteve-se com um sem número de contratações, não cuidando de encontrar atempadamente um titular para o centro do terreno. Ora, com Jonas em campo, não há volta a dar: como o brasileiro não pode jogar sozinho na frente, o Benfica tem de jogar com um meio-campo de dois jogadores. Com Samaris e Fejsa, a posição 6 está assegurada, mas o futebol do Benfica depende de um 8 com características muito particulares.
Esta temporada, a emergência do extraordinário Renato acabou por resolver a lacuna no plantel e ofereceu-nos o título. Com a saída do Bulo, o Benfica voltou à estaca zero. Encontrar um 8 de classe, titular de caras, não pode deixar de ser feito, nem – como em anos anteriores – adiado para o encerramento do mercado.
publicado no Record de terça-feira