No rescaldo da partida contra
o Feirense, Rui Vitória comentava a titularidade de Luisão afirmando que “o
pior que podia fazer era colocar, ou não colocar, um jogador a jogar em função
da idade ou do estatuto”. Claro está que, no essencial, o que deve motivar as escolhas
de um treinador é a performance desportiva. Mas será só isso?
Recuemos ao último minuto do
jogo de domingo. Livre à entrada da área (já agora, recuemos uns minutos mais e
atentemos na condução de bola de Zivkovic!), Grimaldo prepara-se para bater.
Ajeita a bola e quase que já se antecipa o golo. Entretanto, na barreira, vai
prosseguindo o jogo do empurra. Até ao momento que Luisão avança e se intromete
na luta: de braços abertos, faz a barreira mover-se e, sozinho, consegue gerar
a perturbação que três colegas não haviam conseguido. Segundos depois,
Grimaldo, como numa profecia que se autorrealiza, colocava a bola no fundo da
baliza.
Performance desportiva? Não,
estatuto. Liderança pura e capacidade de se sobrepor à iniciativa e à vontade
dos colegas. O Luisão de hoje já não é o jogador de há uns anos e poucos terão
dúvidas que a melhor dupla de centrais do Benfica é Jardel/Lindelof. Mas,
garanto-vos, numa equipa cheia de talento e também juventude, o envolvimento e
o compromisso do capitão continuarão a fazer toda a diferença, oferecendo
maturidade para compensar a inexperiência. É mesmo caso para falar de alguém
que tem de ir jogando por força da idade e do estatuto. Até para poder liderar
pelo exemplo no balneário e, por vezes, em campo.
publicado no Record de 4 de outubro