"I hope the fences we mended
Fall down beneath their own weight"

John Darnielle

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quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Totti e Horta: a mesma luta

É escusado lutar contra moinhos de vento. De pouco serve resistir ao mundo do futebol feito indústria, aos jogadores que naturalmente se movem por contratos mais generosos; aos clubes transformados em empresas, suspensas em complexas engenharias financeiras; e aos dirigentes que não padecem de angústias clubísticas, desde que os resultados operacionais sejam positivos.
Apesar de tudo, há formas organizadas de resistência ao futebol apenas como negócio racional. Infelizmente, o essencial da oposição está nos adeptos e não nos dirigentes ou nos jogadores. Há, contudo, exceções.
            Francesco Totti. 40 anos, um só clube na carreira. 764 jogos com a camisola giallorossa e um amor incondicional a uma memória do futebol que se foi perdendo. Totti é prova material de que, para sobreviverem, os clubes precisam de exemplos de fidelidade absoluta a uma ideia. De jogadores carismáticos, capazes de preservar a popularidade de um desporto que se transformou numa indústria. Jogadores para quem acima do clube do coração não há mais nada.

            A frase poderá ecoar na cabeça de alguns leitores. Foram as palavras de André Horta na entrevista ao Record. O Horta que vive o Benfica como nós: celebra as vitórias das modalidades e sofre com as derrotas do Glorioso, em qualquer campo. Sim, o Horta pode ser o nosso Totti. Por uma vez, um jogador que não nos abandone, que contrarie a mercadorização do futebol, e que, no balneário, seja a voz do adepto e revele aos profissionais a “chama imensa”. Para já, não se esqueçam - tem apenas 19 anos, mesmo que, a espaços, jogue como o adulto que ainda não é.

publicado no Record de 11 de outubro