A certa altura do play-off deste domingo, com a sagacidade
que o caracteriza, Augusto Inácio questionava repetidamente, “saiu quem do
Benfica?”. A pergunta, está visto, visava demonstrar que o Sporting tinha sido
particularmente afetado no defeso, com a perda de João Mário e de Slimani. É um
facto. Mas talvez valha a pena ajudar o ex-diretor de relações internacionais
do Sporting.
Dos cinco jogadores
mais importantes da equipa que venceu o tricampeonato, o Benfica perdeu Gaitán
e Renato Sanches e Jonas e Jardel ainda não jogaram, envolvidos que estão nessa
praga clínica de proporções bíblicas que afeta o Seixal. Se juntarmos as lesões
à vez de Ederson e Júlio César e os escassos 70 minutos de Rafa (o reforço mais
sonante), de facto, é caso para dizer que, tirando estes, ninguém saiu do
Benfica. No fim, o jogador mais propenso a lesões, Fejsa, é o único
sobrevivente do cinco que liderou o Benfica rumo ao 35.
São, na verdade,
muitas “saídas”. E se somarmos a saída do cérebro há um ano e o facto de termos
uma equipa à deriva, que, é-nos dito, nem sequer treinador tem, a dinâmica de
vitória do Benfica é miraculosa.
Ou talvez não. Apesar
de tantas saídas, há explicações para o Benfica continuar a vencer. É que
“saem” jogadores, mas há coisas que se mantêm: o compromisso competitivo; a
intensidade com que se encaram os jogos; a concentração exclusivamente no
próprio grupo; a humildade com que se enfrenta os adversários. Tudo qualidades
mais difíceis de garantir do que uma mão-cheia de reforços comprados com pouco
critério.