Rui Vitória definiu uma estratégia inteligente para o desafio com o
Sporting. Antecipando a inferioridade do Benfica no meio-campo (onde a
dupla Adrien e William é muito forte), escolheu contornar as
dificuldades. Deu a iniciativa ao Sporting, jogou em transições rápidas e
explorou o ponto fraco dos de Alvalade, a defesa, em particular o
espaço entre centrais e laterais. O futebol direto de Ederson para
Jiménez não deu descanso à equipa leonina. Teria sido um erro se o
Benfica tem jogado em ataque organizado frente ao Sporting que é forte
no ataque organizado.
Mas se o Benfica levou vantagem na
estratégia, Jorge Jesus foi perspicaz na leitura tática que fez do
evoluir do jogo. A perder, soube mexer no onze, melhorando muito o
futebol do Sporting. Pelo contrário, Vitória, num primeiro momento, fez a
equipa recuar muito e afastou Pizzi do centro nevrálgico. Arriscou
demasiado e só após a entrada de Cervi a equipa se recompôs, para não
mais perder o controlo.
Se o Benfica levou vantagem na estratégia e o Sporting na tática, o que é que explica o resultado?
Os
mesmos fatores que têm feito diferença nos últimos tempos: a qualidade
individual dos jogadores do Benfica e o empenho que colocam em cada
disputa. Uma equipa que se habitou a ganhar, mas que aborda cada jogo
como se fosse determinante. Sintomaticamente, no final da partida, os
jogadores celebraram a vitória, em círculo no meio do relvado, como se
tivessem conquistado algo decisivo. Quando assim é, a sorte do jogo
tende a sorrir e torna-se bem mais fácil controlar o que no futebol é
aleatório. O resto são ‘cartolinas’.
publicado no Record de 13 de dezembro