Há perto de dois anos, logo a seguir à estreia de
Jonas, escrevi aqui que o brasileiro ia ser mais importante por aquilo
que ia oferecer ao futebol atacante do Benfica do que pelos golos que
iria marcar. 86 jogos e 68 golos depois, devia reconhecer que me enganei
redondamente. Talvez não seja o caso.
Por estranho que possa parecer para um jogador que marca em média 30
golos por temporada, Jonas é essencial pela sua participação no futebol
ofensivo do Benfica e não pela veia goleadora. Tenho, aliás, a convicção
que Rui Vitória tem tido no Benfica dois aliados estratégicos: Jorge
Jesus, que, por antinomia, o ajudou a consolidar a liderança no
balneário; e Jonas, que, em campo, superou os problemas táticos da
equipa.
Uma vez mais, será esse o papel de Jonas. Repare-se: na Amoreira, o
Benfica sofreu contra uma equipa fraca e após uma substituição obtusa – a
troca de Cervi por Mitroglou –, ofereceu 10 minutos ao Estoril, que
podiam bem ter custado pontos. Pois, tudo mudou com a entrada de Jonas.
Como que para provar que, num jogo coletivo, um só jogador pode fazer
toda a diferença, Jonas esbanjou inteligência e qualidade futebolística,
matando o jogo.
Num Benfica que vive em aceleração permanente e que tem dificuldade
para controlar um jogo com posse de bola, Jonas fará toda a diferença.
Com ele em campo, o Benfica voltará, com critério, a saber pausar o jogo
e, quando em vantagem, deixará de sofrer. Claro está que o brasileiro
se encarregará, também, de marcar os golos que os outros falham ou nem
sequer vislumbram.
publicado no Record de 20 de dezembro