Os números falam por si: em 2016, apenas com uma partida por
disputar, o Benfica leva 43 vitórias em 53 jogos. No campeonato, somou
93 pontos, o Sporting 78 e o Porto 71. Um registo que destoa em
Portugal, mas que impressiona mesmo nas comparações europeias. Se
pensarmos nos clubes de topo das principais Ligas, todos têm menos
vitórias do que Benfica neste ano civil. Do Real à Juventus, passando
pelo Bayern e PSG.
O que explica esta senda vitoriosa do Glorioso, que nos devolve a uma hegemonia que chegou a parecer uma miragem do passado?
Em primeiro lugar, estabilidade nas opções estratégicas. Sendo
verdade que o futebol vive do momento, o Benfica não alterna entre
voltas olímpicas aquando de vitórias conjunturais, nem entra em
depressão com os desaires. Pelo contrário, na vitória e na derrota
percebe-se que há um rumo, que passa por um projeto desportivo, cada vez
mais, assente na potenciação de jovens talentos.
Depois, critério na escolha de protagonistas (dos jogadores aos
treinadores). Da equipa da temporada passada, até dezembro, o Benfica
perdeu quatro jogadores fundamentais (Gaitán, Renato, Jonas e Jardel).
Paradoxalmente, pouco mudou em termos de resultados. Sai Renato do meio,
entra Pizzi ou Horta; perdemos Gaitán e joga Cervi ou Rafa. Jonas e
Jardel demoraram a voltar e quem os substitui quase que os faz esquecer.
E fica-se com a sensação que, saindo mais alguém, já há ou surgirá
substituto à altura. No Benfica de hoje, não há insubstituíveis.
No fim, claro está, a sorte desempenha o seu papel. Mas mesmo essa, como é sabido, nunca é fruto do acaso.
publicado no Record de 27 de dezembro