A simpatia com que era olhado por
muitos portugueses assentava no facto de a sua passagem à maturidade ter
correspondido a uma melhoria significativa das condições de vida de largos
sectores da nossa sociedade, contribuindo pela sua ação persistente para a
formação de uma, ainda assim incipiente, classe média. A expansão dos serviços por
si oferecidos nas áreas da saúde e da educação foi, aliás, um cimento
fundamental para a consolidação da democracia.
É difícil situar com exatidão o ano do
seu nascimento, mas há um consenso alargado que refere a sua natureza tardia
entre nós. Com raízes na primeira reforma do sistema corporativo em 1962, só se
desenvolveu de forma robusta a partir de 1974, maturando com a adesão europeia,
em 1986. O seu primo alemão, por exemplo, formou-se ainda sob a mão pesada de
Bismarck, no final do século XIX, como forma de conter as reivindicações operárias
e como instrumento ao serviço da criação de um novo Estado-nação. Já no Reino
Unido, parente também próximo, a sua expansão é filha da democracia e da
ascensão política do partido trabalhista, ainda que assente num relatório muito
celebrado, elaborado por um deputado liberal, William Beveridge.(...)"