"(...) Vale
a pena refletir no que se passou na Letónia. Em 2009, esta república do Báltico
foi um dos primeiros “ratos de laboratório” na Europa da experiência de
“austeridade expansionista” promovida pelo FMI. Enquanto se assistia a uma
contração brutal na economia e a um falhanço colossal nas metas do défice para
2010, o Tribunal Constitucional letão declarou inconstitucionais cortes nas
pensões, que correspondiam a 1,5% do PIB. Perante o falhanço da receita e face
à decisão do TC, o FMI, em lugar de impor novos cortes, aproveitou para aliviar
as metas, o que acabou por contribuir de facto para a estabilização da
economia.
Se
o bom senso imperar, a decisão do TC será um bom pretexto para exigirmos novas
condições à Troika, em lugar de prosseguir este caminho insensato e devastador
no qual o Governo tem insistido. Como disse ainda o Presidente, “temos
argumentos – e devemos usá-los com firmeza – para exigir o apoio dos nossos
parceiros europeus”. Esta será, contudo, uma missão reservada para o próximo
primeiro-ministro."
o meu artigo do Expresso de 5 de Janeiro (bem como outros que não havia postado), pode ser lido aqui.