As
derrotas do Benfica com o Sporting e, pior, as exibições lastimáveis não foram
fortuitas, nem muito menos provocadas por erros de arbitragem. Têm razões
estruturais, que nasceram numa época com um planeamento desastroso, e são um sintoma
de um mal maior.
Há,
pelo menos, três pecados originais a marcarem o Benfica 2015-16: a gestão da
saída de Jorge Jesus; a formação do plantel e a indefinição do sistema de jogo.
Se
o Benfica queria mudar de treinador, devia tê-lo assumido, em lugar de fingir
que quis manter Jesus; se estávamos perante um ano de transição competitiva,
com a aposta em jovens, devia ter sido dito, em vez de se disfarçar que Rui
Vitória teria – cito as garantias dadas por Vieira na apresentação do novo
treinador – “as mesmas condições que outros
tiveram”; se era chegada a altura de mudar o sistema de jogo, a opção tinha de
ser tomada integralmente e não deixar a equipa no limbo tático em que se
encontra.
Aliás, talvez nem seja necessário
complexificar muito. A diferença do Benfica deste ano para o de Jesus é o
efeito combinado de menor qualidade do plantel e ausência de uma ideia de jogo
enraizada. Nas épocas anteriores, o Benfica foi tendo jogadores de muita
qualidade, este ano, aprofundou-se o declínio que já vinha da época passada.
Acima de tudo, no passado, existia uma ideia de jogo perceptível, agora esses
princípios eclipsaram-se e no seu lugar vê-se uma equipa que joga sem critério
e que, custa a decidir, não sei se é pior a defender ou a atacar.
publicado no Record de terça-feira