As últimas imagens são as que perduram. Para quem
viu o jogo em casa, o que fica é o Porto a queimar tempo para segurar o empate
e a festejar no final da partida. No estádio, na retina ficou o capitão Luisão,
enquanto as bancadas esvaziavam, de braços erguidos, em sinal de vitória, e a
apontar para o escudo de campeão.
Trata-se de um belo retrato do que se passou no
clássico e um sinal para o que aí vem. Depois do Porto avassalador – que vinha
sendo anunciado aos sete ventos – não ter estado presente na Luz, do Benfica
ter dominado a partida e ter estado sempre mais próximo da vitória, o Porto
celebrava. É paradoxal que assim seja: afinal, o que fica das duas últimas
jornadas do campeonato é que, por duas vezes, o Porto teve oportunidade de assumir
a liderança e por duas vezes claudicou. A sete jornadas do fim, o Benfica
lidera e o Porto aposta tudo num falhanço do Glorioso.
O campeonato começou agora e os cenários são
incertos. Apesar de tudo, temos no histórico recente uma forma de perspetivar o
futuro. E aí o Benfica leva vantagem. Não apenas, em absoluto contraste com o
Porto, tem vários jogadores que já foram campeões com a camisola encarnada,
como a equipa tem uma experiência de sucesso a lidar com a pressão. Na
temporada passada, o Benfica liderou com dois pontos de vantagem durante dez
jornadas. Deu a volta ao marcador em vários jogos, jogou em inferioridade
numérica noutros, marcou nos últimos minutos e, semana a semana, foi
construindo o caminho para o tri.
Conhecem aquela velha asserção de que a História
se repete? Não é por acaso que acontece.
publicado no Record de 4 de Abril