É difícil imaginar uma exibição menos conseguida e
um jogo pior do que o do Benfica em Moreira de Cónegos. Uma abordagem
estratégica errada juntou-se a uma manifesta incapacidade para controlar a
partida e, ainda, a um descontrolo emocional preocupante.
Pela primeira vez esta temporada, o Benfica teve
sérios problemas face a uma equipa a defender com um bloco muito baixo. Até
aqui, as maiores dificuldades do Benfica têm sido face a equipas que pressionam
alto. Não foi o caso. Com recursos limitados, o Moreirense recuou e o Benfica
foi incapaz de criar jogadas, quanto mais oportunidades de golo. Neste
contexto, as trocas entre Jonas e Rafa, com aquele a cair na esquerda, são
difíceis de compreender, pois limitaram-se a afastar o brasileiro de zona de
finalização (fez algum remate?).
E que dizer da forma como, mesmo em vantagem, a
equipa foi incapaz de controlar o meio-campo e, pior, se revelou desastrada nas
saídas para o contragolpe? Sempre em inferioridade nas bolas divididas, à maior
posse de bola nunca correspondeu um domínio do jogo. Neste quadro, a
passividade tática foi alarmante.
Finalmente, uma equipa como o Benfica, a vencer
uma das sete finais que faltava disputar, não pode revelar a instabilidade
emocional que aparentou, tanto mais que estava face a um adversário
manifestamente inferior.
No fim, sobrou o resultado, o apoio inexcedível
dos adeptos e algum otimismo estatístico. A probabilidade de se repetir um jogo
assim é diminuta, até porque a equipa tenderá a aprender com uma exibição que
foi paupérrima.
publicado no Record de 10 de Abril