terça-feira, 7 de abril de 2009
O curto-circuito do europeísmo
Se mais evidência fosse necessária, os últimos meses têm servido para revelar a crescente importância para a política doméstica da política europeia. Esta asserção, se bem percebo, tem sido o núcleo duro do discurso para as eleições Europeias do PS: a singularidade do PS em torno do europeísmo é não apenas uma questão supranacional, mas, também, uma marca distintiva da política nacional do partido. Se assim é, as “regras” e as clivagens típicas da política doméstica são transferíveis para a disputa europeia e vice-versa. Desde logo porque esquerda e direita, centro-esquerda e esquerda têm visões bem diferentes sobre o papel das políticas públicas europeias, por exemplo, na resposta à crise. Ora é por isso que a defesa da eleição de Durão Barroso para mais um mandato a presidir à Comissão Europeia produz um autêntico curto-circuito na linha argumentativa do PS para as europeias. Por um lado, sugere que talvez seja boa ideia que o PPE vença as eleições, pois essa vitória garante a continuidade de Barroso; por outro, indicia que afinal o argumento político de base pode ser suspenso e/ou secundarizado face a uma outra clivagem mais relevante: a nacionalidade.