a semana passada, os deputados reuniram-se para, de surpresa e após todas as audições públicas, darem um passo ao arrepio do que havia sido feito nos últimos anos: aprovaram um aumento em mais de um milhão de euros do limite das entradas em dinheiro vivo nas contas dos partidos, sem necessidade de prestar contas. Ou seja, o que era um limite razoável para acomodar algumas contribuições de militantes e angariações de fundos pagas em numerário, subiu de um tecto de 22 mil euros para mais de 1 milhão de euros. Ao mesmo tempo que a subvenção pública se manteve inalterada, tendo inclusivamente sido aprovada uma derrogação da indexação ao IAS. Mais, ficámos a saber que os orçamentos para campanhas eleitorais vão também subir. O que os deputados todos, com uma excepção, nos quiseram dizer, em memória do mártir, doador anónimo do CDS/PP, é claro: "que mil Jacintos Capelo Rego floresçam". Doravante, os partidos voltam a poder ficcionar uma angariação de fundos como forma de dividir montantes não enquadráveis pela lei. Que a necessidade de regularizar as contas da Festa do Avante! - esse momento em que um número de beneméritos da área metropolitana de Lisboa se junta para celebrar a Revolução de Outubro fazendo oferendas em dinheiro vivo - seja invocada é, aliás, do domínio do anedotário nacional.
do meu artigo de hoje no Diário Económico.